terça-feira, 15 de maio de 2012


Estávamos de novo no hospital, eu, tu e a nossa menina. Já lá tínhamos ido umas dez vezes desde o inicio do ano e ainda não sabíamos que tipo de bicho estava dentro da nossa filha a atormenta-la. Enquanto esperávamos pela nossa vez perguntava-me se era hoje que iríamos saber.
O médico finalmente chamou-nos para dentro, estava com um ar sério e disse que já tinha o resultado dos exames e começou a falar de um modo como que a prepara-nos para o pior. O meu coração parou, já não sabia se realmente queria saber o que se passava e continuar na ignorância, mas tínhamos de enfrentar a realidade e aceitar o que viesse com garra para podermos um dia olhar para trás e saber que valeu a pena lutar para sairmos daquele problema.
E realmente o médico estava a preparar-nos para o pior, a nossa menina tinha leucemia, num estado já muito avançado, e davam-lhe pouco tempo de vida. Quando o médico disse tal coisa, o meu mundo parou, ele continuou a falar mas eu só ouvia aquela palavra como um eco.
Como é que eu iria explicar a uma criança que os seus lindos cabelos iriam começar a cair, para além das manchas que tinha no corpo iriam surgir mais e as hemorragias iriam tornar-se cada vez mais constantes?
E eu? Como é que eu iria enfrentar o mundo quando perdesse a razão do meu viver?
Como é que uma criança tão inocente que praticamente ainda não começou a viver já pode ter os dias, as horas, os minutos e os segundos contados?
Pelo menos sabia que ela mesmo que até não entenda que bicho era aquele que nos queria separar, iria enfrentar cada obstáculo de cabeça levantada, sem desistir de viver até ao seu último suspiro.
Mas mesmo assim não queria acreditar que não havia nada que não se pudesse fazer para evitar tal tragédia, tinha de haver algo que eu pudesse fazer, tinha de haver, a minha bebé não podia simplesmente desaparecer. E enquanto ela respirar eu vou lutar por a ter ao meu lado e poder demonstrar a todo o mundo que enquanto há vida, há esperança e quando o amor é grande tudo se consegue.

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