sábado, 1 de março de 2014



Preciso que a sua vida seja infectada pela carne da minha morte. Preciso que seja eu.
O tráfico de mulheres é uma das modalidades mais praticadas no mundo contemporâneo.
Somos escravas sexuais vendidas como qualquer outro objecto sexual.
Entrei neste país, como qualquer mulher traficada, como se fosse turista e a acção de exploração sexual foi camuflada nos registos por uma actividade legal. Trabalhamos entre 10 a 13 horas diárias no mercado do sexo, não podemos recusar clientes e somos submetidas ao uso abusivo de drogas e álcool para permanecermos acordadas. Nenhuma de nós se reconhece como traficada, apenas admitimos que fomos enganadas, no fundo, acabamos por nos culpabilizar.
Estamos sujeitas a todo o tipo de doença sexualmente transmissível, inclusive, ao viros HIV, sofremos ataques físicos por parte dos clientes, temos de lidar constantemente com ameaças, entre outras coisas absolutamente bárbaras.
A sociedade capitalista expõe o corpo das mulheres ao pondo de os tornar como mercadorias, vendem-nos, compram-nos, usam-nos e exploram-nos da maneira mais cruel e desumana.
É por não ter força para continuar, que, ponho termo à minha vida.
Suplico-lhe que, de uma maneira ou de outra, vingue todas as mulheres que passam ou já passaram por esta crueldade. Impeça que esta corrente malévola continue, coloque um fim, de uma vez por todas, a este sistema, que se utiliza do corpo, do sangue, do trabalho de uma enorme parcela da população para enriquecer uma minoria.

Prefiro morrer do que viver com a morte dentro de mim.

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