Preciso que a sua vida seja infectada
pela carne da minha morte. Preciso que seja eu.
O
tráfico de mulheres é uma das modalidades mais praticadas no mundo
contemporâneo.
Somos
escravas sexuais vendidas como qualquer outro objecto sexual.
Entrei
neste país, como qualquer mulher traficada, como se fosse turista e a acção de
exploração sexual foi camuflada nos registos por uma actividade legal.
Trabalhamos entre 10 a 13 horas diárias no mercado do sexo, não podemos recusar
clientes e somos submetidas ao uso abusivo de drogas e álcool para
permanecermos acordadas. Nenhuma de nós se reconhece como traficada, apenas
admitimos que fomos enganadas, no fundo, acabamos por nos culpabilizar.
Estamos
sujeitas a todo o tipo de doença sexualmente transmissível, inclusive, ao viros
HIV, sofremos ataques físicos por parte dos clientes, temos de lidar
constantemente com ameaças, entre outras coisas absolutamente bárbaras.
A
sociedade capitalista expõe o corpo das mulheres ao pondo de os tornar como
mercadorias, vendem-nos, compram-nos, usam-nos e exploram-nos da maneira mais
cruel e desumana.
É
por não ter força para continuar, que, ponho termo à minha vida.
Suplico-lhe
que, de uma maneira ou de outra, vingue todas as mulheres que passam ou já passaram
por esta crueldade. Impeça que esta corrente malévola continue, coloque um fim,
de uma vez por todas, a este sistema, que se utiliza do corpo, do sangue, do
trabalho de uma enorme parcela da população para enriquecer uma minoria.
Prefiro
morrer do que viver com a morte dentro de mim.
Sem comentários:
Enviar um comentário