Tenho 22 anos.
Perdi o meu avô aos 13, tinha cancro. Lembro-me de que fiz tudo por ele, levantava-o, deitava-o, dava-lhe o comer à boca como se fosse uma criança, mudava-lhe a fralda, dei-lhe banho uma vez, fazia-lhe companhia e dormia com ele.
Perdi o meu pai aos 16, até hoje ainda não sei o porquê. Devido ao trabalho da minha mãe (que ficou sem o amor da vida dela que a ajudava em tudo) a partir desse dia, durante muito tempo, levantava-me as 5h da manhã para a ir ajudar antes de ir para a escola. Lembro-me da passagem de ano no primeiro ano que ele não esteve presente. Fomos só as duas. Fomos dormir e às 5h ela chamou-me para irmos, não chovia, o céu estava estrelado e eu só pensei: "a esta hora estão os meus amigos a chegar a casa depois de um grande festão" .....
Pouco antes de perder o meu pai sofri uma forma de abuso sexual...
Contra todas as expectativas fui estudar, sou licenciada, nunca deixei uma cadeira para trás. Não fui uma aluna de mérito mas consegui. No último ano de universidade a minha mãe disse-me que provavelmente teria de desistir porque não tínhamos dinheiro para eu continuar a estudar mas Deus nunca nos abandonou e quando parecia que seria mesmo esse o rumo surge alguém nas nossas vidas que me dá a possibilidade de continuar.
Terminei a Licenciatura, já perdi a conta a quantos currículos enviei e acabei a trabalhar num supermercado... Consigo conciliar esse trabalho com um estágio (não remunerado), se pode acontecer eu ficar no posto que estou a exercer? Não. Porque alguém que tinha receio que eu ficasse e lhe "roubasse" o lugar fez por eu não ficar.
Entre mais mil e uma coisas ....
Ao escrever estes "problemas" todos parecem fúteis. Mas agora, neste preciso momento, sinto-me espezinhada por tanta gente que quase me sinto num limbo sem saber como reagir.
Ao escrever estes "problemas" todos parecem fúteis. Mas agora, neste preciso momento, sinto-me espezinhada por tanta gente que quase me sinto num limbo sem saber como reagir.
Sem comentários:
Enviar um comentário