sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

À minha mãe



Lembro-me de a nossa relação ser só de te ver à noite, de quando te vinhas deitar comigo até eu adormecer… Dos meus quase 23 anos só me lembro de ti a trabalhar, mesmo quando o corpo suplicava por descanso lá te levantavas, mais uma vez, as 6h da manhã. É-o assim há mais de 30 anos, aliás, agora que o pai nos deixou às duas ainda te levantas mais cedo, sem um único dia de férias, sem um domingo para ficar na cama até mais tarde, sabes lá o que é dormir até as 9h da manhã… Tudo o que hoje temo foi conquistado por ti, pela tua força de vontade e querer vencer.
Quando perdemos o pai (a sua presença física), lembro-me que durante uma semana quase não falamos, chegavas a casa sentavas-te e esperavas que chegasse de novo a hora de ir trabalhar. Lembro-me do quanto choravas e o quanto dizias que não era justo. Não foi justo, não é justo. Se ele hoje aqui estivesse connosco tu serias, definitivamente mais feliz, o pai era o amor da tua vida, se ele cá estivesse seriamos as duas mais felizes, ele faz-nos tanta falta.
Quando acordo de madrugada e supostamente já terás saído de casa, confirmo-o sempre, acho que por ter receio de te perder como perdi o pai, que não tenhas acordado … Quando durmo contigo, não consigo dormir uma noite completa sem verificar inúmeras vezes se estás a respirar … Quando estamos as duas a aquecer-nos ao lume, fico a admirar-te, como cada ruga tua conta uma história, como és forte e como te sacrificaste por mim para eu conseguir conquistar tudo o que tenho. Obrigada.
Tens uma família linda, os teus irmãos adoram-te e para eles és como uma mãe, criaste-os a todos, deste-lhes amor, ainda dás. És o ponto de abrigo deles. Os teus sobrinhos vêm em ti a melhor tia do mundo, a tia que não lhes diz “não”, a tia que os defende, a tia divertida, a tia cheia de força. Todos nos orgulhamos de ti, todos te amamos.
Obrigada por seres um exemplo.


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